de repente a gente grande
o mundo encolhe a gente engole
estou moída em tranhas tramas estranhas
ontem e amanhã tem sonhos
ontem e amanhã sou jovem
ontem e amanhã com força
hoje tem goiabada
hoje tem labirinto
hoje acrobacias
hoje na corda bamba
hoje palhaçadas
hoje tá pegando fogo
ontem e amanhã isso era risada
isso eram rajadas
soltavam rojões
era música para os ouvidos
olhos brilhando e bochechas com pipoca
hoje pipocam contas
estouram somas
lavro na seca
planto no duro
ajoelho no milho
estou frita
ontem e amanhã terá colheita
terá fartura
terá sucesso
terá conquistas
terá de tudo
reconhecimento
hoje cimento buscas
pedras no caminho
bolhas no pé
passo a passo
pé-ante-pé
hoje pés no chão
ontem e amanhã eu pulo
eu salto
eu solta
eu livre
eu vôo
eu plaino
hoje planos
metas
trabalho
avaliações
balanços
insegurança
ontem e amanhã nem medo nem cedo
ontem e amanhã nem tarde nem tardo
ontem e amanhã nem bem, nem mal, no ponto!
hoje tenho o passado e o futuro também
hoje tenho saudade e esperança além
e de repente eu uma muda
no mundo mudando mundana
de rapante calada crescendo:
aos troncos, aos trancos, raízes, rasantes
de rompante aos poucos brotando:
pétalas, cores, perfumes, performas
preenchendo as folhas em branco...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
penúltimo exercício do curso de criação literária do módulo poesia:
apenas o título - poema dos meus sentimentos hoje
...
e foi o que saiu nos meados desse dezembro de crises...
e resolvi publicá-lo enqto ainda há tempo, pois an seqüência quero é me encher de energia e esperança, afinal, quero brindar o ano novo!!!!
Você cresce como milho maduro.
Na casa da minha juventude, com minha família, em Limeira, tinha uma empregada chamada MARIÃO, que era tão alta, que meu pai apelidou de espanador da lua.
POis ela plantou milho no quintal, que era enorme, que quase chegava no outro quarteirão.
O milho crescia muito e minha mãe fazia pamonha e curau e distribuía tudo isso para a vizinhança.
Lá ia a Marião com vasilhas na mão levando curau para todos.
Na frente a Pharmácia Central, do meu pai, uma farmácia com prateleiras altíssimas de madeira, um porão enorme onde meu irmão colocava as antiguidades que seu sogro vendia e a gente vivia
esbarrando em anjos e outras categorias de seres.
Meu pai fazia xaropes, pomadas, tinha um laboratório cheio de vidros com tampa de vidro, coisa que eu achava um luxo inestimável e pensando bem, ainda acho, pois depois daquilo, acho que nunca mais vi vidros com tampas de vidros.
Em tempo: foi preciso que uma empregada analfabeta de pai e mãe, tivesse o pragmatismo de plantar milho num terreno enorme e improdutivo, porque se dependesse de minha família isso nunca teria acontecido.
Não vou aqui deitar falação sobre minha família, mas que nas questões de ordem prática, eles deixavam muito a desejar, isso não posso negar.
É por isso que eu amava tanto o Marião.
Ela não sabia escrever, mas aprendeu a escrever o meu nome pra colocar nas tortas de banana que fazia, com aquelas tirinhas da massa, aquelas tirinhas colocadas em xadres em cima da torta e meu nome emcima de tudo: SIRVA.
Era lindo, eu amava o Marião.
Enviar um comentário