7.12.11

bombeando

*
na imagem, o coração apertado vem como comprimido
: uma pílula enlaçada que passa raspando na garganta.

*
mas no quarto, nas caixas, nos envelopes, nas lembranças
o coração apertado vem compriiiiido...

repleto de pilhas, poeiras, estantes, sequências, cantinhos...

*
apertado mesmo grande
que a bagagem é longa
e me acompanha sempre.

bagunças de memórias, esperanças, mágoas, alegrias...

*
tumultos convulsionando, procurando espaços,
me alcançando aos soluços, aos tropeços, aos sopetões...

*
quando abro espaço ao coração, é assim:
daí que ele fica mais ainda no maior aperto,
e me espremendo!

*
e eu fico aguardando novas emoções para viver e me tirar do sufoco.

(mas certa que em algum momento essas novidades passam
e se acumulam na mesma caixinha que bate ritmada
- e que somadas vão explodir em outra melancolia qualquer...)

(...) "meu coração também pode crescer. entre o amor e o fogo, entre a vida e o fogo, meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! Nós te criaremos." C.D.Andrade


6.12.11

crescendo na nova minguante cheia

no meu astral
nem inferno nem céu
talvez purgatório
ainda bem que roda, translada e eclipsa...

22.11.11

coquetel


cruzadas palavras
tempo passa
cabeça quebra

10.11.11

noite em claro e cloro


Você crava em seus credos nos crivos em meu corpo cru.
Eu me rasgo, te arranho, reteso à risca nossas rusgas.
Você trava sem trégua em trivela trotando e trucida.
Eu acato, aquieto, queimando recuo.
Você vulgarmente se vai, vencedor que vibra sua vocifera.
Eu durmo doendo, dilacerada sem desejar mais nada.


E do pesadelo em claro e cloro, ardendo grave, erguendo agreste, em guardados grossos gritos, urgindo em lágrimas, desperto.


6.11.11

polifolia de vozes


e eu, pra onde vou?

28.10.11

de pelica


caiu como uma luva.

de boxe.
no meu queixo.

26.10.11

bússola


lambendo seu sal
encontro meu céu
nós cheios de cio
eu irradio do sol
você alcança meu sul

nós dois tudo azul

9.10.11

"a little more grey than then "


Tem dias cinzas que me dão a sensação que a tristeza precede seus motivos...

Lembro de uma amiga biomédica ter contado de estudos sobre a depressão poderem vir de uma situação físico-biológica: o olhar depressivo é que fazia com que a pessoa pensasse depressivamente...

Agora talvez seja apenas o chuvisco, o cansaço, a tpm, a insatisfação de ter que escrever criando embalagens e não conteúdos (ah, editais, editais, projetos, formatações... aff...), ou a falta de emoções mais fortes..

Daí começam a me vir aquelas saudades sebastiânicas, aquela melancolia inexplicável, um vazio...
E tudo combina com o anoitecer de domingo...

E daí se espera os primeiros raios de sol da 2a...

3.10.11

terra à vista

res-pirando a-fundo
res-to no a-mar

23.9.11

movimento de rotação

* qualquer semelhança é mera reincidência *

19.9.11

era uma vez (...) para sempre.

* houve um tempo em que tempo havia *

11.9.11

cinco vezes sentido

Respondeu-me em ações,
com gestos bem eloquentes.
Fiquei sem palavras,
silenciei no ato.
Cansada dos gritos da alma,
fechei os olhos.

(e respirei novas sinfonias)...

5.9.11

"estado melancólico causado pela falta de algo" (segundo dicionário sobre a nostalgia)


No plano da volta, encontra-se a nostalgia do presente...

(Vendo o curta português Viagem a Cabo Verde de José Miguel Ribeiro voltaram à tona sensações recentes que tive...)

Passagem pelo interior do Espírito Santo, e um outro modo de vida: comendo o que se planta, nas pausas lendo, no trabalho só o som do trabalho, com as pessoas a relação com as pessoas (sem máscaras e por isso às vezes mais timidez envolvida)...

Na volta a nostalgia foi profunda, não era só o tchau para um espaço, mas para um modo de vida...

E daí a nostalgia de qualquer partida, de ida ou de volta...

E aí meu jeito nostálgico, de quem tem saudades pelo que nem viveu, de quem costuma sofrer por qualquer separação (várias vezes penso com pesar nas ex-relações de meus pares... daí vem uma dor e daí que não sinto ciúmes pois os sentimentos se tornam mais complexos).

Daí que sempre gosto de voltar... Adoro São Paulo, adoro voltar pra casa, mas aí que sempre há uma dor... Sinto a perda, não importa o ganho...

É o tom da nostalgia de Renato Russo em seu "por enquanto", termina "indo de volta pra casa", mas o tudo que há até isso, é repleto de sentimentos, estações que mudam, coisas que acontecem sem mesmo sabermos...

compartilho... aperta, dói e é bom, me faz eu...

25.8.11

novas tend... ências?

Dei de ombros.
E o mundo se virou contra mim.

Ou seria tendinite...?

24.8.11

per pétuo socorro

per duro
per guntando
com per júrios
por per dão
mas per cebo
per si
que per di
nesse distante a per to
per calço

18.8.11

bruxarias

acordei com a pá virada
mas rodo
sacudo a poeira
e com a vassoura
dou a volta por cima!

12.8.11

franco-atiradora

às vezes tenho a impressão de que os sincericídeos me movem...

(deveria suavizar 
ou desbotaria minha genuinidade?
in-genuíno?
cultivo: adubo ou poda?
mas florescer sempre!)

8.8.11

do dicionário: "contemplação mental"


me-dito
sem saber o que dizer
revelo sem-tido
vejo, ouço, falo,
inspiro o que me toca sem-ti

me calo zen resposta na garganta
cerro os olhos
ao som da cachoeira
e pelo desfiladeiro
salto rumo a esse novo estado
de espírito

1.8.11

ressaca pós bonanças e tempestades

em vulnera(in)abilidade...

27.7.11

ah propósito...

quantos e de quantas naturezas
despropositados
conclusivos e inconclusos

ah final...

25.7.11

campo-mina-cidade

Quando a idéia aterrada vence a concretizada,
feliz do plano-semente.
Que lá de dentro pode se nutrir e florir,
surgir talvez mais curvo que outros.
Plano que pode chegar sem arranhar,
céu de estrelas que brilham e acolhem.

7.7.11

des-sampalizando...

Há tempos que não me isolo...

Vamos ver como me saio no meio do mato...

Retiro galináceo-artístico-espiritual...

;)

30.6.11

hiato (ou viagem de trabalho)

Era pra respirar outros ares.

E não me sentir sem chão,
pelos ares,
espalhada,
aérea,
rarefeita...

Era pra ser um mergulho em outro mundo,
só espero não virar um peixe fora d'água...

Minhas raízes seguem, espero não ressecar nenhum fruto...

21.6.11

ramalhete

Remo rumo ao ramo...
Será que ali floresce a rima...?
Ou precisarei da boca para enfim chegar a...
Aliteração da poesia...?

8.6.11

STATUS



status is tatus

e ponto.

ou melhor: bolinha!

22.5.11

palavras e "brincadeiras" de outrens para fazer pensar...

(...) "Não quero dizer que com isso que havia deixado de amá-la, que a esquecera, que sua imagem desbotara; ao contrário; ela morava em mim dia e noite, como uma silenciosa nostalgia; eu a desejava como se desejam as coisas perdidas para sempre.

E como Lucie se tornara para mim um passado definitivo (que como passado, vive sempre e, como presente, está morto), lentamente ela perdia para mim sua aparência carnal, material, concreta, para cada vez mais se desfazer em lenda, em mito escrito sobre pergaminho e escondido numa caixa de metal depositada no fundo da minha vida" (...)

Trecho de "A Brincadeira" de Milan Kundera...
Que fala sobre pequenas palavras que podem marcar para sempre...
Assim como nesse trecho ele fala de pessoas...

17.5.11

pós

tic-tac
estica-estaca
respira-repara
pira-para

por poros atentos
tantos tontos
porosos

perenes

como a fresta de sol invernal que bate agora em minha nova janela...
quero ela em minha vida, quero minha vida assim...
assim sem pré e sem pós
meu momento...
manso e manto:
memento.

24.4.11

TPF (tensão pré-filmagem)

No meio do caminho tinha uma bola,
uma bolinha
um tatu-bolinha

para bolar...
rebolar...
embalar...

e rodar!

luz, câmera, ação!

17.4.11

tempo de satie...

ócio, palavra macia,
sacia meu desejo de absorver e assimilar aquilo que tão intenso
aquilo que sem tempo para degustar fica perdido em cansaços...

turbilhão de empilhamentos pilhados me curto-circuitam...

quero o longo, quero o lânguido, quero o longe...

quero a nostalgia...

pelo menos vez ou outra...

como a que está presente nesse breve instante: http://www.youtube.com/watch?v=5_C9K7cieEc&feature=fvst

1.4.11

Primeiro de Abril


Sempre tive boa memória para datas e afins, daí essa data era uma diversão: quase sempre era uma das primeiras a criar histórias cabeludas, fazer pegadinhas, enfim, explorar o lado lúdico da mentira...

Hj em dia já não tem mais tanta graça, tudo é mais sério... (faz lembrar mais do golpe militar do que os pequenos golpes que eu dava na escola). Talvez principalmente nesses tempos, de tanta correria, tantos compromissos, tantas verdades a serem ditas, polidez e política para se dizer coisas... 1o de abril é um dia como tantos, e hoje ainda com um peso a mais para administrar palavras...

Saudades do faz-de-conta no lugar do faz-as-contas, saudades da carochinha no lugar da carrocinha (do soltar os cachorros), saudades dos contos de fadas no lugar dos contos de fados... 

Então fazer desse dia uma homenagem, 1o de abril - dia da fantasia! Para realismos mais fantásticos para nós! Mais riqueza, criatividade, magia...


17.3.11

alta voltagem

às voltas
não volta
revolta

meia e volver

14.3.11

neosimbolismos

no imaginário da minha formação estão os mitos católicos...

por exemplo adão e eva sendo criados por Deus e desfrutando do paraíso até serem tentados pela serpente com uma maçã...

mulher-serpente-maçã e uma mordida fatal...
adão e eva expulsos do paraíso...

pobres mortais...

***


serpente morde seio de mulher e morre envenenada pelo silicone...

seio em formato perfeito, fruto de pecado e cobiça, modelado siliconadamente carnudo e firme como uma suculenta maçã, a serpente não resiste e se descobre uma pobre mortal...

***

moral da história: 
o fruto do vizinho é mais gostoso?
o pecado mora ao lado?
o pedaço de mal caminho?
suculenta mesmo é a costelinha de adão?
no mundo nada se cria, tudo se transforma?

maçãs-serpentes-humanos

moral-amoral-imoral-namoral!


11.3.11

onomatopéicos

puf-puf

quero-quero

puff-puff

3.3.11

liliput

assustada com tamanho das coisas...
há dias que isso me encanta,
mas em outros...

15.2.11

psicossomatia


colo torcido
tensões à flor da pele
cravejadas
fronte enrugada
juventude escoando da fonte
maturando em semeaduras
esperança d'amanhã
nessa noite de torcicolo

14.2.11

drãos

doa-a-doa
a-dia-a-dia
dura-a-dura
     (então)
!odara-odara!

8.2.11

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

há coisas que não nos levam a luar nenhum...

7.2.11

nuvens

diante de decisões de tamanho considerável,
desejando ouvir comentários com frescor...

cansada, enjoada dos mesmos...

desânimo e mau humor...

q a chuva lave tudo...

31.1.11

enquanto seu lobo não vem...

já neiro já vai...
ferve reiro já vem!

Ano que está passando loucamente!
Me deixando pirada, pilhada, cansada,
Mas sem dúvida mto empolgada!

e vamo-que-vamo!

18.1.11

meus pés em velhos novos compassos

De repente me senti repetitiva nessa vida circular...
Vendo desabafos ao redor cheios de frescor,
desejos inéditos, dores latejantes, paixões à primeira vista...

Eu aqui num certo círculo, que, se não vicioso, em rotina de encaixe...

Tudo está bem, e à procura do melhor...
Novos velhos passos que estão por vir...
Porvilhados de empolgações, mas tb de nostalgias e receios...

Pés atrás, pés pelas mãos, pés lépidos, pés do ouvido, pé-ante-pé...

Pé no chão pra poder saltar, pra poder sonhar!

Em mais um refrão que não está tendo tempo nem espaço para a fantasia.

Aqui não será a Terra do Nunca, mas a Terra do Sempre...
Sempre, outra vez, de novo, cotidianamente.
Onde mais uma vez vivo o desafio de ser "gente grande"...
Com toda sua sem-gracice...
E também magia, por que não?

E pés na tábua, pés de moleque, pés pra fora!