10.11.16

pedacinha


A maturidade me levou a ser pedaços.

Tantas partes que se foram. Tantos apartes.
As peças que se encaixaram, se desencaixaram, foram encaixotadas.

Me sinto um pedacinho de gente.
Um coração e uma cabeça pulsantes.
Em plenos pulmões
e ares rarefeitos.

Um quebra-cabeça de mim mesma.
Onde me encaixo, me conecto, em que me ligo...

Mão pra dar - cumprimentos, apoios, pazes, parcerias, na cara.
Pé - pra fora, na bunda, na estrada.
Ombros - que me dão com as costas, ou para recostar.
E os miúdos.
De dentro. Entranhas, estranhas. Que filtram a bílis ou a engolem a seco

Despedaçada e íntegra, em construção sempre.
Sou a mesma, e nunca igual, sempre em busca e incompleta.

Que estará por vir pra me somar e me diminuir e multiplicar e subdividir.

Em que pólos se reunirão todos esses átomos? Pra onde irão até explodirem?