7.12.08

multiplicidade

Era uma vez um ponto -
nós, esse triângulo em nosso círculo
enlevados ao quadrado
com questões ao pentágono:

reveses agudos
angulosos
verticais
convertidos
extrovertido (ele)

era uma vez em meu centro
curvas
circunferências
perspectivas
infinitas
introspectiva (ela)

reveses relativos
sem norte
meu sul
de leste a oeste

era uma vez essa química
matéria de nossa geografia
o físico dele, a língua dela
flor do lácio
nossa história
indisciplinados

reveses de adultescência
meninices maduras
envelhecendo ingênua
antigas questões
em lembranças, nostalgias

era uma vez olhos azuis
sonhos cor-de-rosa
me deixando branca de medo
bochechas vermelhas
sorriso amarelo
ficando bege
verde de fome
de amor

reveses laranja
- banana, goiaba!
medo do abacaxi
que engole o desejo
do mamão com açúcar
a salada de fruta furta cores

era uma vez azedo
acidez amarga
de doces sonhos
que apimentam a vida

reveses no céu - da boca
áspera
que dura
em macio
de gatos

era uma vez esse escaldo
erupção desaguando
furacão turbilhado
revolto em ondas
em brisas
por novos ventos
aos quatro

reveses tempestivos
temperamentais
temperatura de grau em grau
febre escadante

era uma vez dessa vez
tantas vezes
um, dois, três
cem vezes, cem juras
às vezes você
outra vez...
vez por outro

reveses desvendados
vez em quando
em quanto dure
cada um cada tantos
de quando em quando
vendidos, rendidos
devastados

era uma vez um X da questão
incógnita
equação
desde o 2o grau o dilema

reveses dando coragem
a perda do medo
a-sumindo a dúvida
subtração do problema
é igual
como conta
somando em mim
mais e mais
diferenças

era uma vez e de uma vez por todas
a verdade, a vontade, homenàgem
resultado de cabeça
corpo e alma
decorado
com cores, perfumes, performas
informais, imorais, ímpares
um número, um ato
um espetáculo:
eu dividida em dois
vocês múltiplos de mim
nós, felizes em três

1 comentário:

Q disse...

outro exercício do curso de criação literária...

aqui era pra tentar levar multiplicidade ao poema em tema e forma...

não consegui... mas acho que o texto sobre o menàge tem sua graça...

enfim...