a primeira vez q li Clarice - Perto do Coração Selvagem - me extasiei...
tinha uns 16 e foi uma sensação mto estranha
de como se o ritmo da escrita dela
fosse igual a do meu pensamento,
mas de outros tempos, da infância...
a mesma maneira de observar o mundo,
de se relacionar com os próprios pensamentos e sentimentos...
era como se ela estivesse dentro de mim...
ainda ñ li tudo dela...
leio aos poucos, pois é sempre mto intenso pra mim...
mas amo...
e esses dias me deparei com esse trecho lindo, lindo...
compartilho:
O Nascimento do prazer (trecho)
Clarice Lispector
O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer.
A alegria verdadeira não tem explicação possível,
não tem a possibilidade de ser compreendida
- e se parece com o início de uma perdição irrecuperável.
Esse fundir-se total é insuportavelmente bom
- como se a morte fosse o nosso bem maior e final,
só que não é a morte,
é a vida incomensurável
que chega a se parecer com a grandeza da morte.
Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos
- pois é a vida nascendo.
E quem não tiver força,
que antes cubra cada nervo com uma película protetora,
com uma película de morte para poder tolerar a vida.
Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor,
em qualquer silêncio
ou em várias palavras sem sentido.
Pois o prazer não é de se brincar com ele.
Ele e nós.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário