8.10.21

Semear, gestar e florir

Saudade da  gestação. E de quando se voltar para si e para o ninho era uma escolha e não uma necessidade de sobrevivência por conta de um vírus e de uma desgovernança genocida...)

Saudade de ficar grávida - esse momento de máxima intimidade. E mergulhar em si mesmo, chamado sem igual à subjetividade... Alheia... Afinal, o mergulho é no desconhecido que cresce dentro de si, fazendo com que olhemos mais para nós, as mudanças do corpo, o outro que nos modifica, o contato íntimo com nosso corpo, a espera de um alguém...

Tudo que vem depois é feito de magias e descobertas diárias (e sem romantismo: perrengues, cansaço, exaustão mesmo também), mas a gestação parece um hiato, essa ponte que nos leva de um ponto a outro irreversivelmente e cujo percurso se dá internamente, quase invisível, e por isso nos deixa atentas aos sussurros, aos farfalhares na barriga, aos arrepios, aos salivares, às batidas no coração, dos corações...




(o saudosismo que despertou essa postagem veio da série Handmaid’s Tale, de ter organizado álbum de fotos de 2019 e o livro de Juliano Peçanha “Recusa do não-lugar”.
E, claro, a convivência diária e massiva com os dois filhotes, minhas ex-barrigas de 2017 e 2019...)

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