Lembrança
própria ou do narrado?
O medo, o
espanto, o novo ao redor dos atos:
acordar, os
espaços da escola, as outras crianças.
Não eram os
iguais, eram os diferentes, desde sempre.
Eles dormiam
tranquilos.
Seus olhos
abertos querendo conversar.
Sempre acordada
para ouvir.
No filho a
angustia para que durma, desligue do mundo,
se conecte com o
além, com o íntimo,
com o mesmo
mundo que ficou pra trás, ficou de fora,
e irradia pela
janela,
em pios, aromas,
gargalhadas.
Nas lembranças
não existem muitas risadas,
se sobrepõem os
silêncios.
E as conversas
inteligíveis.
O filho começa a
falar,
quer comunicar
tudo que pensa e vê.
Tudo que lembra.
É a vez dos
verbos,
primeiro vieram
os sujeitos, substância dos acontecimentos.
Seres, antes
mesmo de serem.
A lembrança vem
estática, imóvel, fotográfica.
Apenas o som se
move.
E seu olhar
panorâmico.
Olha pra dentro.
Pro sono do filho.
Que criança é
essa? Não existe criança, parece que nunca existiu.
Sempre foi a
mesma.
Nostálgica.
E insone.