20.12.12

sentimentos répteis

crocodilo afogado em lágrimas
com coração de pedras perfurado
transbordando o vazio do peito

17.12.12

madrugada


a noite em branco,
desperta para a escuridão,
às claras, no pretume azulado,
tão cheio de sombras e memórias,
à luz de meu passado, esperando
o amanhã raiar.

6.12.12

feminimamente


Em busca de interlocução que me olhe como mulher.

Apagada, sem contornos de minhas curvas, na aspereza de minha maciez, bela voz afônica, esganiçando piscadelas úmidas, amor pra dar em braços de ferro, rendida em joelhos bambos, fértil em casca seca.
Aos que trouxerem cantil, encontrarão a flor do cactus e se hidratarão dos cortes dos espinhos em sangue vermelho paixão.
Oásis pra nós, em sois, estrelas e vulcão.


30.11.12

blue



você tão out of the
eu tão in

na vitrola ele gira
no céu ele vibra
em seus olhos pisca e serena.

26.11.12

estado físico da pessoa


minha solidão me liquefaz
dura como o ar
até amanhã

14.11.12

gloss-ary


você chegando out of the blue,
me levando in the grey.

mas para out siders,
ainda existe outros tons.

# ra in bow feelings

11.11.12

felizes para...


casamento não como caminho sem volta
mas onde se vai e se quer voltar todos os dias

7.11.12

vãos os anéis se os dedos não ficam


do que você abriu mão?
de não segurar a minha?
pra me deixar abanando?
ou pra acenar pra você?

tateio no escuro
e me estendo insegura...
vem?!

31.10.12

sim tonia


de quantos silêncios é preciso para dialogar com você?

25.10.12

três anos


do passado pro futuro
vc veio sem presente
chegou quando eu luto
faltou nossa festa

nos acomodamos nas batalhas diárias
e assim encaixamos
sem laços de fita
só na mudança

o lar foi refúgio
sem muito doce ou amargo
tampouco pimenta
nem por isso sem sal

paixão que morreu atropelada
amor que nasceu machucado
feridas cicatrizadas
felinos domesticados

agora,
não é presente é hoje
já cheio de ontens
e eternos amanhas

três anos lado a lado
escalando aos montes
com todas as arestas
e curvas da estrada

desorientados no tempo e no espaço
cheios de bagagem e desbussolados
procurando nosso lugar ao sol
sob noites de luar

com sombra e água fresca
e céu estrelado
na vista:
horizontes cumpliçados em muitas novas trincas...

18.10.12

fisioterapia


o exercício da paciência

16.10.12

# paradig emble #


auto-prag-sinto-enig
mático

8.10.12

eu pro fundo


medo de confrontar a fundo
porque, neste fundo, nossa trajetória é solitária mesmo
mas fico à flor da pele de pensar assim

porque já me senti compreendida de dentro
talvez quando o dentro estava mais na superfície e mais fluído,
com olhos mais puros e menos viciados

gostaria de dar as mãos e sonhar junto
mas sonho com isso sozinha
e, cá pra nós, nós não há, só eu.

30.9.12

aurora


desperta dor
me toca
às 4:30
escuro e frio
que nada pode encobrir

feridas em carne viva
inerte
nem pesadelo nem sonho
insônia crua 
em sons zumbidos
à espera dos novos pios de morcegos

24.9.12

estacionada


no inverno
o chamado pra hibernar
na primavera
esperança de florescer
no verão
para então raiar
no outono

e esperar que mude
esse tango-delay
da estação.

22.9.12

soslaiou


faltou com a palavra,
trouxe apenas aquela expressão.

não de sim mas de porém.

não preencheu, embargou,
a voz a saliva a mão.

do toque que acenou,
do olhar que fugiu,
do pulsar de vai e vem...

foi.

14.9.12

satisfação


pra você
provar
eu
te desejo
você repete

pra você provar eu
te desejo você repete

11.9.12

ligamento cruzado anterior


ser flexível,
manter-se em pé,
seguir em frente:

cansaço de tanto cabo de força pra me sustentar...
e de repente, um salto maior que a perna, tudo explode...

a insustentável leveza do ser...
rompeu-se.

quem serei eu após?

30.8.12

enlaços



ele, estranho o suficiente pra ser normal.

eu, em molduras pra não transbordar da casinha.

nós, como diría o poeta, para se ver (e viver e conviver) de perto (e aperto).

espremidos e exprimidos por cá…

dispersos, diversos em versos por lá e acolá...

22.8.12

receita do embolo


compilando a farinha dos meus pensamentos...

20.8.12

era uma vez... e outra também...


em busca de novos roteiros pra minha vida...

pra seguir no bom e velho rumo da escrita...

28.7.12

ao menos não a cabeça...


perdi a hora.

(estará com o bonde ou esse já está no rumo?)

17.7.12

(des) (a) fio.

um por todos e todos por um...
fio -

3.7.12

ataratulada


Trabalho em busca de trabalho.
E assim me esgoto em busca de revigor.

20.6.12

cardiolinguística


solidão, palavra no diminutivo

11.6.12

em uma segunda-feira cinzenta qualquer


o tempo ruge

urgindo de pressa e rouco de frio

4.6.12

metamorfossil


lagartas no estômago
que queimam e encasulam
ou de borboletas que quererão voar

24.5.12

ex.ame


es.finge que traz a verdade (devorada) como
es.tatua em minha cara
es.tática pregada em es.cola
esTUDO:
que me deixa ex (es.terna, es.traviada, es.trume)
e por fim (ou ao contrário)
não me deixa NADA.

18.5.12

pena (da caneta à piedade)


o dito pelo não dito.
des-converso.

9.5.12

sin gu lar


situação ímpar
que brota do zero
e termina sem companhia

(deixando saudades e se pedindo bis)

26.4.12

oh pressão!


hoje tão pequenininha...

nina eu?
menina eu?

(esmagadinha, no chão - mas vista pro céu)

amanhã grandona...

dona eu?
me doma eu?

(mas chicoteia com jeitinho e não enjaula não)

22.4.12

num ninho...


te afago
me afogo
nos engalfinhamos
em mafagafos

15.4.12

incha-queca


dor de cabeça me assola dos pés à cabeça

não é aguda nem grave

mas compromete em acordes

despertarei mais aliviada?
ou acumulada pela falta de rendimento do agora?

11.4.12

cafuninho


o calor recostado em meu peito
tem o peso de pensamentos
e a maciez de seus cabelos

19.3.12

outono


hoje tão, tão, tão...

sensação de folhas e folhas já caídas ao longo da vida,
da felicidade e melancolia do céu tão azul,
da ambiguidade do sol brilhando e o vento frio na cara,
sol para pernas de fora, vento para frios na espinha,
calor cheio de esperanças, arrepios cheios de medos.

época do ano movimentada, pós-carnaval, páginas viradas, folhas caídas,
ano a todo vapor, esperanças ainda ao longe, florescer no longínquo horizonte...

outono para romances.

outono à flor da pele.
amar, verbo intransitivo...

em acordo com Alain de Botton em O Movimento Romântico,
às vezes o desejo de amar prescinde seu objeto.

objeto do dia: céu azul e sol oblíquo
- mas não dissimulado, pois a vida anda concretamente presente.


8.3.12

embaralhados

parte da parte
um adeus à parte

dados rolados
cartas na mesa
é finda a partida

saldo de empate
ou de despedida

1.3.12

(m) eu luto

amor sentido infinito.
calado pra sempre.
virado do avesso.
dor sem fim.

você me fez triste.
assim te deixei.

faltou paz.
você custou a me deixar em.
trocamos farpas.
farpados.
fardados.
fadados.
broncas e brônquios a plenos.
vociferando feridos.
latidos.

latejante.

luta incessante.
luto sem fim.

mas chegou.
revirados, nos viramos.

página em branco.
linhas tortas.

porque a vida não é linear.

das folhas florescidas,
e caídas, recolhidas e guardadas.

(as mais memoráveis são as cinco linhas, 
notas e claves de sol em penumbra.
"in a sentimental mood".
:
dos momentos apaixonados iniciais.
dos momentos da melancolia dilacerante.
dos momentos cotidianos do telefone que tocava.
:
http://www.youtube.com/watch?v=mszSoTNqH3Y)

ali tem do era uma vez ao era de vidro
- embora nunca transparente pra mim -
se quebrou.

cacos colados.

e mais uma vez sobrevivida a um amor.
e mais uma vez marcada por uma luta.
outro luto se foi.

atropelado com muitos adereços e fantasias.
porque o futuro já chegou.
(faz tempo, veio até do passado).

e que venham lutas mais coloridas!

far-celsius

vocês ver-ão
que essa t-arde
in-tempestiva

15.2.12

passado bombástico

ex-a-mina
ex-corre
ex-vai

ex-cuse-me

4.2.12

Kafkafiando Clarice ou Clariceando Kafka

"Certa manhã, ao se despertar de um sonho inquieto, Gregor Samsa descobriu-se em sua cama transformado num insuportável inseto." 

"Eu, corpo neutro de barata, eu com uma vida que finalmente não me escapa pois enfim a vejo fora de mim - eu sou a barata, sou minha perna, sou meus cabelos, sou o trecho de luz mais branca no reboco da parede - sou cada pedaço infernal de mim (...)"

"Deitado de costas, duras como um casco, ele viu, ao erguer um pouco a cabeça, sua barriga arredondada, pardacenta, repartida por pregas arqueadas, do alto da qual a coberta, já quase toda caída, escorregava. Diante de seus olhos moviam-se desesperadas suas várias pernas, ridiculamente finas em comparação com suas proporções de antes."

"(...) A vida em mim é tão insistente que se me partirem, como a uma lagartixa, os pedaços continuarão estremecendo e se mexendo."

"'O que aconteceu comigo?', pensou."

"Sou o silêncio gravado numa parede, e a borboleta mais antiga esvoaça e me defronta: a mesma de sempre. De nascer até morrer é o que eu me chamo de humana, e nunca propriamente morrerei."


1.2.12

se ver em terceira pessoa

*
a risada continua rindo, mas você não.
*
você queria calar, mas já ouve a própria voz seguindo.
*
você nem se achava tão triste, mas as lágrimas escorrem sinceras.
*

27.1.12

inexorável

"a coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas
é o silêncio"

Miguel Sousa Tavares em No Teu Deserto.

19.1.12

dois pra lá

*
ela deslizando com asas de pluma.
ele em deslizes de pé de chumbo.
*

5.1.12

feliz

questão de fazer ou questão de deixar?

3.1.12

achados e perdidos

*
no sossego, a ansiedade
na ansiedade, o sossego
*